Somos animais. Mamíferos, primatas e hominídeos. Mas não se preocupem, biologia não é o foco desta nova divagação etílica. Tá, tudo bem, eu confesso, não estou alcoolizado. Mas seria uma boa desculpa para justificar o que vai acabar surgindo nas próximas linhas. Se é que tem desculpa...
Pluricelulares. Esta é a última expressão que empresto da biologia. Somos animais compostos por cerca de 50 trilhões de células (obrigado Google) que nos dão essa aparência, essa unidade.
Eu disse... unidade?
Ora, cada pequena célula é um micro-organismo vivo que pode, inclusive, viver e se reproduzir fora do corpo humano. Nós somos um conjunto de trilhões de células vivendo em uma organizada forma de sociedade microscópica.
De onde vem então essa unidade, essa individualidade que nos permite julgar os verbos na primeira pessoa? Essa noção de individualidade não reside em nenhuma das nossas células. Não há um “eu” biológico ou celular dentro de você. Há apenas um conjunto de células. Quem sou “eu”? Não seria mais correto dizer “nós”?
Quando usamos o “eu”, não estamos dizendo, “meus pés gostam de chinelos” ou “meu cérebro não gosta de matemática”. Estamos dizendo apenas “eu”. Mas não existe esse “eu”. Existe apenas o “nós”.
Tá, eu sei, soaria estranho dizer “nós, membros da Republica Pluricelular Tassio Denker, queremos um Big Mac. Coca-Cola Zero, por favor.”
Questionar não é crime. Sempre me pego pensando nessas questões fundamentais acerca da existência humana (fundamentais?! existência humana?! WTF?!). O problema realmente começa quando eu quero responder essas questões.
Aconselho, portanto, que parem por aqui.
Bem, já que vocês insistem, agora é por sua conta e risco.
Milhares de pequenos seres vivos, que vivem em função de um “ser maior”, que não existe individualmente, senão no conjunto de todos eles... Um ser superior, que comanda e condiciona estes pequenos seres vivos... Um ente que não passa de uma “consciência” maior que seus pequenos seres...
Seríamos um.... (rufar de tambores)... Deus?
Sempre achei que eu era especial (excepcional talvez?), mas um Deus? Somos deuses de nós mesmos? Deuses do... nada?
Segundos antes de publicar esse texto me veio outra idéia, providencial e que pode inclusive amenizar a minha barra: seria esta unidade o conceito de alma? (ufa!)
Tá, tomei muito do seu tempo, eu sei. Mas nunca prometi algo bom mesmo. Eu e minhas teorias furadas. Aliás, eu já comentei com vocês sobre a minha teoria acerca da origem do universo?