sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Israel e os 7 à 1

As proporcionalidades que Israel é capaz de nos proporcionar


“A resposta de Israel é perfeitamente proporcional. Isso não é futebol. No futebol, quando um jogo termina em empate, você acha proporcional, e quando é 7 a 1 é desproporcional. Mas não é assim na vida real e sob a lei internacional.”

Dias atrás me surpreendi com essa resposta dada pelo porta-voz de Israel, em atenção às declarações prestadas pelo Ministério de Relações Exteriores do Brasil. Na ocasião, o Itamaraty criticou “ o uso desproporcional de forças pelos israelenses” no já saturado embate na Terra Santa.

Também pintou um “Anão Diplomático” nas declarações de Tel Aviv, mas considero essa ofensa menos grave, por motivos que não convém aqui mencionar, ainda mais em ano eleitoral.

Hoje, 1º de Agosto de 2014, fui buscar alguns dados apenas para ter uma ideia do que Israel considera “proporcional”, na vida real e nas “leis internacionais” (?).

Zapeando alguns sites, como o da Folha de São Paulo, pude apurar que já são 1459 palestinos mortos contra 63 Israelenses. O G1.com, site de notícias das organizações Globo, informa que seriam 1464 palestinos, ampla maioria de civis, contra 61 israelenses, em sua absoluta maioria, militares.

Vamos arredondar por baixo as baixas — o que é uma puta falta de respeito com qualquer vida, eu concordo — mas apenas para evitar hipérboles desnecessárias no “cálculo da proporcionalidade de Israel”.

Se levarmos em conta a “ampla maioria de civis”, das quais encontramos muitas crianças entre as vítimas, podemos dizer que pelo menos setecentos civis já foram mortos por Israel. Já as informações de baixas civis do lado judeu não chega a sete, mas fixemos esse número, tão especial para a cabala e a cultura hebraica.

700 à 7. Cem por um. Eis um dado “bastante proporcional” de um “conflito justo” aos olhos dos nossos amigos monoteístas. Isto nos cálculos atenuados deste que vos fala, pois a proporcionalidade deve estar mais próxima dos mil por um. Mesmo arredondando para baixo, não foi possível evitar a hipérbole, embora o exagero, neste caso, não seja apenas uma figura de linguagem.

Proporções à parte, a declaração de Israel me deixou mais chocado do que os números, em si. Não pela rispidez, afinal, essas palavras não ferem tanto quanto os bombardeios em escolas da ONU.

É a frieza de quem compara vidas à gols, como se matar fosse um esporte.

Pois é assim que Israel encara o “jogo”. Como uma pelada de fim de semana. Chamar o Brasil de “anão diplomático” até pode fazer sentido, mas fazer de uma derrota esportiva uma piada para justificar um genocídio, aí já transcende o macabro.

O humor judio faz o humor negro parecer musical infantil. E a nós resta continuar assistindo esse filme de terror — ou mudar de canal e fazer de conta que vivemos em um outro mundo, onde os “7 à 1" causam traumas às nossas pobres crianças indefesas.