tag:blogger.com,1999:blog-17914471573045801812024-03-05T09:58:33.735-03:00Tássio DenkerDivulgação Científica do DireitoTassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.comBlogger52125tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-63356857066683090112022-10-25T16:41:00.003-03:002023-02-23T10:55:26.127-03:00À Tout le Monde<p style="text-align: justify;"> Aos poucos, vou morrendo por dentro. Cada dia é menos um dia, numa conta cujo cronômetro cego nos dá uma falta de ar e um desespero iminente. Essa sensação de impotência perante uma sociedade e uma estrutura que só serve para nos explorar e nos humilhar exige uma resiliência que excede minhas capacidades.</p><p style="text-align: justify;">Nada resta, senão se entregar ao doce beijo etílico da cevada, e ao sono que nunca restaura nem descansa. Cada dia durmo mais, cada dia mais cansado, mais olheiras. Até quando?</p><p style="text-align: justify;">Desabafo, aqui, em silêncio. Porque as redes sociais são barulhentas até demais. Este canto é como um chalé com sua lareira, em um lago na Patagônia. Aconchegante e silencioso. Solitário e primitivo. Calor em meio ao frio. Uma pena que só venha para cá em dias como estes.</p>Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-52352965849853384432020-09-30T15:18:00.006-03:002021-09-29T09:55:17.651-03:00O abismo de Nietzsche<p style="text-align: justify;">Sumo. De tempos em tempos. Mas como todo bom filho pródigo, acabo voltando. Não sei porque; só sei que é este cantinho virtual que me atrai em determinados momentos. Talvez seja a paz. Ninguém mais lê ou se interessa por blogs que, de certa forma, me faz sentir mais confortável em expor meus sentimentos aqui.</p><p style="text-align: justify;">Como alguém que conversa com um amigo, numa mesa de bar. É diferente de divagar em redes sociais, ou nos vídeos do youtube. É mais... intimista. Sim. Intimista. Me sinto bem aqui. Tão confortável que só aqui tenho capacidade de expor minha tristeza.</p><p style="text-align: justify;">É um momento? Pode ser. Mas pode ser também outra coisa. Não sei. Tenho atravessado um vazio existencial há alguns anos, desde que me vi tragado por uma rotina burocrática, inóspita e insuportável dentro do meu serviço.</p><p style="text-align: justify;">Pode soar repetitivo - bem, não sei se já disse isso em algum lugar, mas certamente já disse à mim mesmo inúmeras vezes: me sinto um peso tão morto que, morto, valho o mesmo que vivo. Sem sofrer. Porque deixo uma tristeza, mas passageira. Uma saudade, mas efêmera. E, por outro lado, deixo uma pensão, a mesma renda que tenho hoje, sem precisar ser. Nem estar.</p><p style="text-align: justify;">Tem horas que penso que até mesmo a minha ausência possa servir de exemplo mais útil que a minha presença anestesiada, entorpecida, vazia e angustiante. Registro aqui aquilo que já me faz mal externar aos próximos. Porque isso as irrita. Porque isso traz reações de repulsa, de menosprezo. Vivemos num mundo sem paciência. Num mundo onde qualquer qualidade ou qualquer boa ação é percebida como dever, e nossas omissões, imperfeições e erros são intoleráveis.</p><p style="text-align: justify;">Tô cansado. Sem esperança. Sem perspectiva de mudar de vida. Refém da minha estabilidade, como um pássaro aprisionado em um gaiola. Pássaro que, ainda que receba ração todo dia, não tem mais a alegria para cantar.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-21894994972028222452017-07-18T09:19:00.003-03:002023-04-27T16:52:53.493-03:00Divagar ou Divulgar?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>
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Sempre tive uma queda imensa por escrever (afinal, o que estaria fazendo aqui no Medium se assim não o fosse, não é?) Também sabemos que o hobby da escrita quase sempre vem associado ao da leitura. E eu até que me considero um bom leitor, embora ainda esteja longe, muito longe, de ler tudo àquilo que já me propus à ler (missão impossível).</div>
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<br /></div>
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Quando me perguntam quais os melhores livros que eu li, quase sempre me forço a relembrar os melhores romances, dos quais ora cito “A Montanha Mágica”, ora indico “Crime e Castigo”, ou então recomendo “Dom Quixote”. Mas eu preciso confessar que esses não são os meus livros favoritos. Bem, até são, dentro dos seus estilos. A verdade é que eu sempre fui apaixonado por outro tipo de leitura: divulgação científica.</div>
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Aí, fica fácil: “Um mundo assombrado pelos demônios”, “A grande história da Evolução”, “Dança do Universo”, “Bilhões e bilhões” ou “O Universo em numa casca de noz” saltariam aos olhos, com um grande e largo sorriso.</div>
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Desde o século passado, faço meus textos. Já tenho um blog (este!) há alguns anos, onde vez ou outra, assim como aqui, uso para extravasar meus sentimentos e para divagar um pouco sobre minha visão fenomenológica deste mundo.</div>
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Mas, há alguns meses, me perguntei: e porque não divulgar? Porque não partir pra uma área com a qual sempre me senti atraído? Mas a minha formação é direito… e direito é chato pra caramba. Ciência humana. Mas, bem, eu gosto de história. Curto antropologia e psicologia. É, até seria cabível. Ou não. Como saber? Só tentando.</div>
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Só escrevendo. Ou então… só gravando. Sim, gravando. Acho que a grande sacada da divulgação científica dos últimos anos é o Youtube. A quantidade de canais de divulgação científica (os quais, adivinha, são os que eu mais acompanho) que vem ganhando o público é cada vez mais crescente. Pirula ou Nerdologia, por exemplo. Então, porque não tentar?</div>
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Estou tentando. <a href="http://www.youtube.com/c/diretasdedireito">“Diretas de Direito”</a>. Com o propósito de levar conteúdo jurídico à todos os públicos, de forma clara, concisa e com muita analogia (aproveita e se inscreve!) Agora é só ganhar intimidade com a 50mm e divulgar. E, de vez em quando, também divagar.</div>
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Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-52166739751473223422017-03-24T10:23:00.000-03:002017-03-24T10:23:56.815-03:00Meu pai, meu herói!<div style="text-align: justify;">
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Meu pai, <a href="https://www.facebook.com/nelson.denker">Nelson Denker</a>, nasceu em 22 de fevereiro de 1953. Foi o quinto de sete filhos homens, o primeiro dos irmãos à nascerem aqui em Campo Mourão. E, disto, tinha muito orgulho.</div>
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Sua primeira escola foi o Santa Cruz, o qual cursou o primário. Nunca esqueço de como ele contava, em risos, do medo que ele teve da freira que o recepcionou no seu primeiro dia de aula. Ela tinha um bigode tão grande que ele chorou e quis voltar pra casa. Mas teve que encarar a aula (e a freira). A vida continua.</div>
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Depois, foi estudar o Colégio Estadual, onde fez o ginásio e o científico - formou-se contador. Suas lutas estavam apenas começando. Seu irmão caçula, Luiz Carlos, sofria de uma doença degenerativa (similar à esclerose lateral amiotrófica, ou talvez essa mesma, por falta de um diagnóstico mais específico à época) e, no início da adolescência, veio a falecer. Não deve ser fácil perder o irmão mais novo. Mas a vida continua.</div>
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Depois, aos 19 anos, serviu o exército em Brasília, onde foi cabo e homenageado com o título de Pantera Negra (com quadro-diploma e tudo).</div>
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Em 29 de janeiro de 1977 casou-se com Odete Keller, minha mãe e, logo em seguida, ficaram "grávidos" do meu irmão mais velho, Thales Augusto. No entanto, quis o destino (ou o acaso, ou a inépcia médica) que Thales viesse a sofrer complicações em seu parto e, por obra de um laço do cordão umbilical, acabou ficando muito tempo sem oxigênio. Nasceu, mas com uma série de limitações.</div>
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Não consigo imaginar o quanto deve ser difícil, após uma gravidez normal e tantas expectativas, lidar com essa situação. Passou meses viajando à São Paulo em busca de tratamentos e remédios caros. Mas, fazer o que, a vida continua... menos para o Thales, que em 1982, deixou este nosso mundo e voltou para o dele.</div>
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Loirinho e de cabelos cacheados. Era um anjinho e, como tal, voltou para de onde veio, eles me diziam. Eu já era nascido, mas confesso que não tenho nenhuma recordação dele, senão pelas poucas fotos. Mais um golpe. Mas, é aquela velha história... a vida continua.</div>
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Eu esqueci de mencionar, mas já em 1979 ele lecionava na antiga Facilcam, depois Fecilcam e atualmente Unespar. Foi o primeiro dos sete filhos a concluir o ensino superior - formou-se em Economia na UEM, o qual havia sido aprovado no vestibular em 4º lugar. Aliás, ficou devendo um salto da ponte do Rio Ivaí, promessa de quem não havia se preparado pro vestibular...</div>
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Eu nasci em 1980. Meu irmão, <a href="https://www.facebook.com/tarcisio.denker">Tarcisio Denker</a>, veio em 1985 e, a caçula, <a href="https://www.facebook.com/tarcilad">Tarcila Oliane Keller Denker</a> em 1987.</div>
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Trabalhou na COAMO, paralelamente ao magistério, por 19 anos, onde fez muitos e bons amigos.</div>
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As coisas iam bem até 1992. Em 08 de agosto meu pai e minha mãe sofreram um acidente de carro e, no dia 15 de agosto, minha mãe também resolveu partir. Foi um baque para todos, em especial para mim, com 12 anos, e meus irmãos, com 7 e 5 respectivamente. E imagina pro meu pai? Viúvo e com três crianças para criar...</div>
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Mas a vida continua. Em 1998, mais um percalço: perdeu seu irmão mais próximo, companheiro de COAMO e de Magistério na Faculdade, Alex Denker, por uma doença fatal: o câncer.</div>
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Mais tarde, conseguiu concluir o Mestrado pela Universidade Federal do Paraná, sem nunca ter saído de Campo Mourão - coisa que muito o orgulhava. Nasceu, cresceu, se formou e fez o mestrado vivendo aqui, nesta terrinha.</div>
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Depois, em 2007, meu avô, seu pai, também nos deixou. E, por fim, sepultou sua mãe, Erica, em 2016.</div>
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Desde o final de 2015, já com diabetes, meu pai vinha sofrendo com uma lesão nos pés que causaram diversas infecções e inflamações. Foram meses de internamento, altas, remédios e dores. A situação foi se agravando gradativamente e, por fim, uma insuficiência cardíaca colocou um ponto final em sua história. A vida, para ele, não mais continuaria.</div>
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Que fique claro que essa insuficiência cardíaca era tão somente relativa ao sistema circulatório; meu pai tinha um coração e um amor pela vida que poucas vezes pude ver em alguém. Quem o conhecia sabe do que eu estou falando. Amigo para todas as horas, um grande pai e, também, uma mãe.</div>
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<br /></div>
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Eu precisava contar um pouco desta história porque, quem convivia com ele, talvez não tivesse noção de quantas lutas e quantos períodos difíceis ele enfrentou. Ele não era de se queixar, muito menos de baixar a cabeça e ficar se lamuriando.</div>
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Talvez ele tenha vivido pouco. Sim, para nós, foi pouco. Mas ele sempre me disse que preferia viver 10 anos bem vividos à 100 anos mal vividos. Ainda conseguiu chegar aos 64, que apesar de muitas dificuldades, foram anos muito bem vividos. Pena que eu tenha compartilhado só 37 anos da minha vida com ele.</div>
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<br /></div>
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E, espero, ser tão especial para os que eu amo, quanto ele foi para nós.</div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-11007757062384017072016-08-08T10:33:00.001-03:002016-08-08T10:33:23.542-03:00Epifania<div style="text-align: justify;">
Eu foi naquele dia que eu morri. Ou não acordei. Algo assim. Todos os meus sonhos, meu planos e meus desejos nunca mais seriam realizados. O mais estranho de tudo foi a normalidade. Era um dia qualquer, como qualquer um outro. </div>
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<br /></div>
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Me deitei, dormi, não acordei. E agora? Nasci em 1980. Confesso que minhas primeiras lembranças, ainda que confusas, devem ser de 1983, 1984. Antes disso, não me lembro. É como se eu não tivesse existido. De fato, não existi antes de 1980. E agora, eu não existo mais.</div>
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<br /></div>
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O que foi isso? Existência? Existencialismo? Um flash, um sopro, sonhos, alegrias, tristezas e agora, nada. Tinha tantas viagens para fazer. Tantas coisas para dividir. Um filho para criar. Uma esposa para amar. Mas assim, de repente, acabou tudo. E acaba mesmo. A história existia antes de 1980 e a história vai continuar existindo depois de hoje. Somos insubstituíveis - apenas para nós mesmos.</div>
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Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-90125553371595424512016-06-10T16:17:00.000-03:002016-06-10T16:17:03.896-03:00Vivendo e morrendo<div style="text-align: justify;">
Todos os dias, morremos um pouco. Seria clichê apelar para a biologia e demonstrar que pequenas parcelas vivas, palpáveis do nosso ser, se vão todos os dias. Há, claro, a renovação celular. Mas o certo é que, com o passar do tempo, nossos tecidos se vão mais rápido que do que se regeneram, envelhecemos e, por fim, morremos.</div>
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<br /></div>
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Estar vivo é isto; morrer aos poucos. Uma morte lenta, gradual, certeira, impossível de ser impedida. E, enquanto estamos vivos, estamos fadados também à uma outra forma de morte; a morte dos nossos entes e amigos queridos. </div>
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<br /></div>
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A verdade, nua e crua, é que, ou se enterra, ou se é enterrado. </div>
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<br /></div>
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Sobreviver, morrendo aos poucos. Morrendo a própria morte e suportando a morte dos que amamos. Quanto mais se vive, mais se morre; mais se enterra seus amores, mais se vê padecendo, aos poucos. Quando chegamos aos nossos 80, 90 ou mesmo 100 anos, já perdemos tantas pessoas, tantos amores quantas células, órgãos ou tecidos.</div>
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<br /></div>
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Eu me sinto triste. Mas é uma tristeza estranha, vivida em terceira pessoa. Olho-me a mim mesmo com uma certa indiferença que me faz ter vergonha da forma que me porto, sedado, incapaz de gritar, de chorar, de dizer 'eu te amo', te dizer 'adeus'.</div>
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<br /></div>
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Quando morrermos, apenas concluímos um ciclo de morte que se iniciou logo no dia em que nascemos.</div>
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Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-66875269458411546152016-02-01T00:50:00.000-02:002016-02-01T01:00:51.644-02:00Apoptose, autocompreensão e autofagia<div style="text-align: center;">
I - Caos</div>
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<br /></div>
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Estou suspenso. Desfeito, mas não em peças, porque Descartes me enganou. Me desarranjei na vã esperança de compreender a mim pelos mais ínfimos pedaços do meu ser e, absorto, descobri que não me constituo de partes. Não me reduzo cartesianamente à elementos autônomos, desmontáveis e substituíveis.</div>
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<br /></div>
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II - Érebos</div>
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<br /></div>
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Epifania. Eu não me desmontei; eu me destruí. Não há encaixes, eu nunca fui um quebra-cabeças. Aquilo que, pouco à pouco, rompia e rasgava, era eu mesmo. Um todo, sem partes. Agora, sou partes de nenhum todo. Enquanto acreditava, peça à peça, estar me desmontando, eu estava ruindo, desmoronando.</div>
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<br /></div>
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III - Gaia</div>
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<br /></div>
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Entre os escombros daquilo que eu fui um dia, uma pequena semente parece ganhar vida. Em meio aos labirintos dos cacos onde outrora pulsavam ideias e sonhos, o gérmen caminha em direção à luz. Ele parece absorver, alimentar-se dos detritos, sólidos e etéreos, que um tolo um dia julgou ser um ente, tal qual um relógio, compreensível em partes.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-34428281082600285942015-11-22T17:54:00.000-02:002015-11-22T18:18:44.035-02:00Distopia e utopia<div style="text-align: justify;">
Conhecer a si mesmo, a mais extraordinária experiência. Também a mais difícil, eu diria. Porque o autoconhecimento demanda a autodestruição. Como num sistema cartesiano, analisar-se significa desmontar-se, como um relógio, peça à peça, isolando-as e estudando-as para, por fim, compreender o todo.</div>
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<br /></div>
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A desconstrução é lenta, dolorosa. As engrenagens do pensamento estão acostumadas a girar num sentido, num mesmo ritmo, há tempos. Isto quando não estão enferrujadas ou danificadas. A imagem que projetamos de nós mesmos quase sempre corresponde à idealidade, não à realidade. Busco o equilíbrio na fenomenologia, no clonazepam e na esperança de conseguir, um dia, compreender todas as partes deste meu ser, neste tempo.</div>
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<br /></div>
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A esperança, faca de dois gumes, me leva a crer, além da desconstrução e da compreensão, na reconstrução. Em um novo eu. Em alguém livre dos medos, dos remédios e dos pre-conceitos. Em alguém leve e feliz. Em ser o projeto das <i>minhas</i> escolhas, Em ser, realmente, meu. Em ser e estar, existir e viver. Em ver e enxergar, escutar e ouvir, pensar e criar.</div>
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<br /></div>
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Mas são tantas engrenagens, parafusos e ponteiros...</div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-8333979861736623412015-11-20T21:45:00.000-02:002015-11-20T21:45:13.655-02:00Crux Ansata<div style="text-align: justify;">
Não saberia precisar desde quando. Semanas, meses, anos... estou morto, em vida. Um processo lento e contínuo que envolve autoconhecimento e autodestruição. Obsolescência programada por um coquetel de medicamentos que me levou de mim.</div>
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<br /></div>
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De quem são essas reflexões vazias, que se assemelham à sentimentos distantes, que as vivo quase que em terceira pessoa? E onde estou eu, em meio à tudo isto? Deitado, na cama, sob efeito de alguma droga, indiferente?</div>
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<br /></div>
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Estar e não ser. Não ser mais quem era, de bom ou ruim. Morrer por completo para, quem sabe, um dia renascer. Diferente? O mesmo? Ou permanecer morto? A árvore, no meu desenho, estava seca. Mas continuam me regando, com bromidrato de citalopram e clonazepam. Ah, e água, é claro.</div>
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<br /></div>
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Que o sol possa fazer o seu trabalho.</div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-79407722657070879142015-11-18T19:20:00.000-02:002015-11-18T19:20:35.003-02:00Asilo<div style="text-align: justify;">
Como é que somos capazes de, sem tirar a vida, matar uma pessoa? Sinto uma tristeza vazia, sedada, irreal. Sinto essa tristeza longe, como se não pertencesse à mim. Ela se projeta, ao meu lado e eu a vejo como minha, mas não a vejo em mim. Sinto-me impotente para sentir. Queria ser capaz de chorar. Ser capaz de gritar. Ser capaz de discordar. Mas só sou capaz e assentir e imaginar todos os sentimentos que estaria vivenciando, se estivesse são.</div>
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<br /></div>
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Eu sentiria muito, se sentisse.</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-90687683652944717062015-11-16T20:15:00.000-02:002015-11-16T20:15:22.097-02:00Diário<div style="text-align: justify;">
Pensei em escrever. As ideias, abundantes, fluem, insanas. Mas em meio a esse caos, é impossível. Não consigo me concentrar. Muitas vozes, sons, barulhos, gargalhadas, buzinas e gritos se confundem numa mistura caótica. Busco encontrar, dentro de mim, um pouco de paz e concentração, mas é em vão. Essa baderna me impõe limites.</div>
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<br /></div>
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Destaco da cartela um Rivotril. Dois.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Observo, inerte, a tela da tv desligada. Aos poucos, os sons vão diminuindo. As vozes vão se acalmando, até se calarem. As gargalhadas desaparecem, junto com o eco distante das buzinas e dos gritos. Estão todos agora apenas na memória. Silêncio, enfim. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas as ideias... onde estão as ideias? Onde está a inspiração? Elas se foram, de mãos dadas com o caos. Deveria me sentir frustrado, triste. Indiferente, me deito e penso: tanto faz. Amanhã será um novo dia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas isto aconteceu ontem. E antes de ontem. E hoje.</div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-46605248776157860542015-11-12T11:11:00.000-02:002016-02-01T01:04:24.771-02:00Empatia<div style="text-align: justify;">
"Antes que os olhos possam ver, é necessário que tenham perdido a capacidade de chorar".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu perdi a minha capacidade... de ver.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ou então, nunca fui capaz de ver e, o que via eram frutos dos meus sonhos, da minha imaginação, do meu mais sincero ideal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ou, se a vida sabe ser cruel, tudo que eu eu vi eram tão somente as visões de terceiros que, sem me dar conta, tomei como minhas, as vivi e hoje descobri que eram apenas uma ilusão. Eram vazias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não sei. Só sei que me vejo no escuro, tateando desesperadamente por um interruptor. </div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-71861028616968013072015-11-12T02:03:00.000-02:002015-11-12T02:03:38.009-02:00Eu sinto muito<div style="text-align: justify;">
Eu sinto muito. Eu sinto demais. Não vivo mais num mundo racional, onde há equilíbrio entre a mente e o corpo. Eu não penso, apenas... sinto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sinto um vazio no peito, angustiante, que me faz perder o fôlego, perder o ar. Sinto uma vontade imensa de correr, gritar. Sinto saudades do silêncio em minha mente, das ideias que fluíam. Sinto uma dor no peito, um formigamento nos braços, a morte eminente. Sinto um calafrio correr minha espinha e a súbita sensação de que o sangue explodirá em minhas veias cerebrais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sinto frio e fome, neste verão castigante e a mesa farta. Sinto o mundo desabar sobre os meus ombros, enquanto sinto impotência, inerte em meus pensamentos, vazios e solitários. Que mundo é este? Onde está a empatia? Onde está a humanidade?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sinto medo. Medo de estar em um labirinto, preso dentro de mim, e de nunca mais encontrar a saída.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A única coisa que não sinto mais é vontade de continuar vivendo desta forma, pelo menos não neste mundo. Pessoas, máquinas, objetos... insumos. É... é pavor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-86012210892781269472015-10-15T11:53:00.000-03:002015-10-15T14:18:07.540-03:00Maior que eu<div style="text-align: justify;">
Estava ali, andando, indo embora do trabalho para a minha casa, contemplando as coisas da vida, quando - epifania - eu posso morrer! Mas não morrer lá, longe no tempo e no espaço. Morrer agora, antes mesmo de chegar em casa.
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda bem - e a sua leitura é testemunha disto - que não foi naquele dia que eu morri. Mas aquela mesma sensação não me deixava em paz. Ela me assombrava, como uma tarefa ainda não cumprida, cujo prazo está se esgotando. E para que eu pudesse finalmente descansar (não morrer, apenas me livrar desta sensação!) eu descobri que era realmente uma tarefa que eu precisa cumprir: escrever.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas não escrever pelo simples fato de digitar alguma coisa. O simples tocar dos dedos no teclado não são nada mais do que empilhar palavras em prosa. Eu quero tocar o coração. Escrever na alma, no espírito daqueles que mais amo. Para muitos, minha esposa e minha filha, eu já tive a oportunidade de falar, de escrever, de compartilhar alguns dos mais sinceros pensamentos de amor, carinho e proteção.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas ainda tenho um pequeno menino que, embora eu diga que o ame todos os dias, ainda não pude deixar gravado em sua vida o amor que lhe tenho. E, isto fica ainda mais difícil em tempos de banalização do "amor". "Eu te amo" virou carne de segunda, comentário supérfluo de rede social, recadinho de amigos que, inclusive, desconhecem a essência da amizade. Amores e amizades eternas, que não sobrevivem dois verões.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O problema é que não existe nada maior que "eu te amo". Não se inventou ainda outra expressão que possa dar a mesma dimensão que o amor dá. Porque o amor ainda é o amor. Não chega a ser raro, mas é valioso, Não chega a ser comum, mas está ao alcance de todos. Me desculpem os "novinhos das redes sociais" (nem todos são novinhos, é bem verdade), mas vocês não sabem o que é o amor. Vocês o usam, enquanto palavra, tal qual uma hipérbole. E por mais que vocês o digam um milhão de vezes, isso não o torna verdadeiro. Não o torna amor de verdade. Gostar é gostar. Curtir é curtir. Mas só amar é amor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E eu sei que existem diversas formas de se amar. Amar uma esposa, um marido. Amar um amigo ou um irmão. E amar um filho ou uma filha.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu tenho, felizmente, meus amores. Talvez caibam nos dedos das mãos e dos meus pés - mesmo que não sejam recíprocos. <a href="http://tassiodenker.blogspot.com.br/2015/04/lacos-nos.html" target="_blank"><span id="goog_707823074"></span>E eles são os nós que me dão a sustentação que tenho para viver.<span id="goog_707823075"></span></a> E eu me sinto tão mais bem à vontade quando deixo expresso o quanto essas pessoas são importantes para mim. O quanto eu as amo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas... eu posso morrer. Eu posso morrer ainda hoje. Eu posso inclusive não chegar a concluir este texto. E é ai que eu penso: Thales! Meu filho querido, meu filho amado. Eu digo, todos os dias, o quanto o amo. Mas no auge dos seus dois anos, minhas palavras, meus gestos e meu carinho estão fadados ao esquecimento - pelo menos conscientemente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como é que eu poderia deixar a vida e meus amores, sem deixar escrito, aqui, <a href="http://tassiodenker.blogspot.com.br/2015/06/bem-vindos-imortalidade.html" target="_blank">para todo o sempre</a>, o quanto os amo? E, se eu não o deixar, como é que vou provar para você, na sua adolescência rebelde, que eu sempre o amei? Que os "nãos" que eu te impus foram sempre para o seu bem? Que as repreensões foram sempre pensando no seu futuro. Não quero que me julgue o melhor pai do mundo aos seus 12, 15 anos. Quero que me julgue o melhor pai que eu pude ser, aos seus 30 anos. Quero que o homem que você se tornar possa me dizer: "você acertou, mesmo errando muitas vezes."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Amor maior que eu. Eu sempre disse: eu sou meu. Mas talvez não seja tão verdade; eu sou seu. Seu amigo. Seu professor, seu aluno. Seu palhaço, seu patrão, seu funcionário, seu turrão. Seu pai. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não acredito em vida eterna, mas acredito que viverei, para sempre, no seu legado. Não é meu DNA que você leva adiante; é a minha alma. Eu estou em você. Não é o fator sanguíneo ou a cor dos olhos. É a essência. É o amor e o caráter o que eu quero replicar, que eu quero multiplicar. Eu dou à você a minha vida, sem morrer, todos os dias. E morrerei sem deixar de viver, se preciso for.<br />
<br />
Aquela sensação de morte iminente, passou. Sei que ainda posso morrer, a qualquer instante. Mas se isso vier a ocorrer, que minhas palavras sejam a cristalização dos sentimentos que eu dia eu nutri, por aqueles que um dia eu amei.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0lxhUj_m6aMPMxKojcKlCmEezry_V7gNu61Ydnw9whXeRfFI3mY2sqYV5SX9VgR8niWi_OejXzjFL23k3GL6oNlCfolg1ERhjIXTzLL9_xZf-GWy3mSDTPMOAz0iWtYZfqp5DPAb-2BA/s1600/familia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="485" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0lxhUj_m6aMPMxKojcKlCmEezry_V7gNu61Ydnw9whXeRfFI3mY2sqYV5SX9VgR8niWi_OejXzjFL23k3GL6oNlCfolg1ERhjIXTzLL9_xZf-GWy3mSDTPMOAz0iWtYZfqp5DPAb-2BA/s640/familia.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
P.S.: Eu amo vocês.<br />
<br /></div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-67047734811260849362015-09-04T16:23:00.002-03:002015-10-05T11:58:25.268-03:00Até quando?<div style="text-align: justify;">
Definitivamente, não dá mais. Novamente uma crise existencial se instala dentro do meu ser e me atormenta, dia e noite. Passo o dia todo com aquela sensação ruim no estomago, uma fraqueza constante, um pouco de enjoo e o peito pesado. A vontade de chorar vem o tempo todo e, alguns momentos do dia, os olhos túmidos umedecem.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Acredito no existencialismo mas, ao contrário da corrente majoritária, não vejo a liberdade como algo absoluto. As escolhas estão ali, é verdade, mas nós, humanos, não somos assim tão livres quanto pensamos ser. Há, dentro de cada um de nós, um sistema legislado pelo nosso código genético que, de certa forma, nos faz tender a adotar determinadas escolhas na vida. Outras vezes, nem se trata tanto de programação genética, mas sim de questão hormonal mesmo, de idade, de sentimentos, de sensações.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não quero me dedicar a explanar sobre isto, neste exato momento. O que me traz aqui é uma tristeza, talvez crônica, acentuada pela responsabilidade da paternidade. Não que a paternidade, em si, seja o problema. Ela não é; ela é o que me faz mais feliz em toda a minha vida. E ainda escreverei sobre o maior tesouro que eu tenho: meu filho. Mas em outro momento. O que eu quero deixar claro é que a paternidade transforma a gente, de forma marcante e definitiva. E é ai que entraria, em tese, a questão da programação genética. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É amor, é claro, e não há dúvidas disto. Mas a paternidade, assim como a maternidade, transforam a gente de tal forma que talvez seja impossível descrever. E não falo isso apenas da paternidade biológica não. Falo da paternidade gênero. Ser pai ou mãe faz com todas as nossas vontades e convicções passem por uma fase de amadurecimento e de reformulação que, no final nos damos conta de que não somos mais a mesma pessoa.<br />
<br />
Existe, sim, metamorfose no ser humano, e ela vem com os filhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o que não dá mais? É doloroso, é um ato de sofrimento companhar as notícias e se deparar com um mundo cada vez mais caótico. Cada vez mais raivoso. Cada vez mais à beira de um colapso humanitário. Estado Islâmico, crise migratória, terrorismo, fome, conflitos e, o mais deprimente, é a passividade das nações sobre tais assuntos.<br />
<br />
Essa semana uma foto de um garoto que faleceu afogado durante uma tentativa de migração ilegal rodou o mundo, a internet e as redes sociais. E eu não consigo olhar pra ela. Eu a vi. Eu li a notícia, mas a imagem me causa náusea, mal estar. O pobre garoto deve ter aproximadamente a idade e o tamanho do meu filho, hoje.<br />
<br />
Porque as pessoas precisam se mudar para estarem próximas dos recursos necessários? Porque não levamos os recursos à estas pessoas? "Ser" sempre foi um objeto de sofrimento, com tanto preconceito e desigualdade. E "estar" também parece sofrer com a crise. Sei que existem questões como fronteiras e soberania que precisariam ser revisadas. Mas "ser" e "estar" não deveriam ser tão complexos, tão polêmicos. Que direito é esse que invocamos ter sobre a superfície do nosso mundo?<br />
<br />
Isto não me deixa em paz. Não me deixa pensar com clareza. Não me deixa estar bem. Este pequeno anjo caído na praia é a imagem mais sutil, delicada e ao mesmo tempo aterrorizante da desumanidade que vigora neste início de século XXI.<br />
<br />
Não dá mais; a vontade é desistir da humanidade, desistir da internet, das redes sociais, dos noticiários. Alienar-se em prol da saúde mental. Amar mais, sofrer menos. Maldita empatia, maldita compaixão. Me coloco no lugar do pai que perdeu dois filhos e a esposa. Esse hábito de se torturar se acentuou com a paternidade. Antes, quando via documentários sobre a vida selvagem, torcia pelos leões e guepardos. Hoje, torço pelos gnus e pelos antílopes. Não abro mais qualquer notícia. Não aceito mais ver qualquer imagem.<br />
<br />
Não sou mais a mesma pessoa. E não sei se ainda me considero "humano", pois se o seu conceito for se pautar por uma média do que são as pessoas, eu tenho impressão de que estou bem à margem do que o mundo é.<br />
<br />
<i>Imagine</i>, de John Lennon, talvez tenha dito muito do que eu gostaria de dizer, aqui, neste desabafo. Você podê revê-lo, abaixo. Ou fazer um minuto de silêncio, para refletir.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/bBW8g64Vzf8/0.jpg" frameborder="0" height="480" src="https://www.youtube.com/embed/bBW8g64Vzf8?feature=player_embedded" width="640"></iframe></div>
<br />
<br />
Ou simplesmente ignorar.<br />
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<br /></div>
<br />
<br /></div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-23138383660007746192015-08-28T17:20:00.000-03:002015-08-28T17:20:39.229-03:00Errar é desumano!<div style="text-align: justify;">
Diz o velho ditado que "os olhos são a janela da alma". Eu diria que, se há algo que transparece a verdadeira essência das pessoas, este não seriam os olhos mas sim os dedos. Ou, mais precisamente, a Internet.</div>
<div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Qualquer rápida navegada pelos seus 7 mares e logo constatamos que nela existe mais detritos e sujeira do que em todos os oceanos de água salgada. Nem os milênios de poluição contínua é capaz de fazer frente ao lixo produzido diariamente nos poucos anos em que a rede mundial de computadores está ativa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao dizer sujeira ou lixo leia-se qualquer coisa que não tenha utilidade alguma e que possa (e deva) ser descartada de imediato. E tudo que instigar a intolerância e a insensibilidade se encaixam perfeitamente na ideia de "jogar fora". Talvez estes sejam ainda pior, porque o lixo que polui os oceanos um dia foram úteis ao ser humano, ao contrário de muito juízo de valor que se prolifera nas redes sociais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Este mar de imundice é ainda mais cruel conosco, náufragos à deriva, pois precisamos remar contra a correnteza e em meio a esta pilha de dejetos como o ódio, a indiferença, preconceito e o narcisismo, dentre outros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um ponto que tem provocado uma profunda reflexão neste que <strike>vos fala </strike>vos escreve é a quantidade de puritanos arremessando pedras e despejando gasolina na fogueira da intolerância. Falar que vivemos a era do politicamente correto é redundante, mas eu nunca vi tamanho julgamento moral sobre <i><b>qualquer</b></i> erro, vício, irregularidade ou mesmo ilegalidade que alguém tenha cometido. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Errar tem sido desumano. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mínimo deslize gera um tsunami de comentários, artigos, postagens e piadas que tem por objetivo tão somente macular, desprestigiar e difamar alguém que... errou. Como qualquer um de nós. Um motorista embriagado ali, uma piada de mal gosto ali e logo estamos discutindo a pena de morte por qualquer tostão furado.</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As pessoas erram e, de acordo com a natureza deste erro, estão sujeitas a uma série de sanções (administrativas, civis e até mesmo penais) além, é claro, da reprovação moral e social. Mas estes têm se mostrado cada vez mais imprudentes e desarrazoáveis. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não basta mais responder por um crime, como um certo exemplo bem conhecido por todos nós, de racismo; é necessário linchar moralmente, queimar a casa da pessoa, fazer perder o emprego, mudar de cidade e ainda causar trauma psicológico para o resto da vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Gosto do existencialismo exatamente por crer que ninguém é um adjetivo. Ninguém é criminoso, covarde ou herói. As pessoas cometem crimes, fazem escolhas ora heroicas, ora covardes. E isso não se confunde com ela. Estes são os meios, e não o fim em si, que é a pessoa. Tanto é que o direito pune não pelo que se é, mas pelo que se faz. E há, ainda bem, sempre uma outra escolha para se fazer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ninguém é perfeito, mas quando abro o Facebook tenho a impressão de que vivo em outro mundo. Um mundo onde ninguém nunca cometeu nenhum pequeno deslize e as pessoas ficam com as câmeras e celulares prontos para flagrar qualquer descuido, uma paradinha numa vaga preferencial, uma saída mais cedo do trabalho, uma guloseima fora do regime.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Errar, me atrevo a lecionar, é um verbo transitivo que admite a conjugação na primeira pessoa do singular. Não se assuste quando lhe ocorrer.</div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-65614777789066855602015-07-09T10:26:00.000-03:002015-07-09T10:26:22.500-03:00Errar é humano?<br />Humanos matam, os animais também.<br />Humanos roubam, os animais também.<br />Humanos estupram, os animais também.<br />Mas só o humano erra<br />Porque só o humano julga.<div>
<br /></div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-86385933677858098932015-06-12T15:20:00.001-03:002015-06-16T09:42:58.383-03:00Bem vindos à imortalidade!<div style="text-align: justify;">
"Que seja eterno enquanto dure", já disse o poeta Vinícius de Moraes, com toda beleza, lirismo e também, com muita razão. Sim, a mesma razão científica que usamos para teorizar a efemeridade do universo e sua estonteante beleza.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O "eterno", assim, é apenas um conceito ideal, intangível, que podemos traduzir, grosseiramente, como muito, muito tempo... milênios, quem sabe. E é esta "eternidade" que muitas pessoas, aqui almejam. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Não a eternidade etérea, celestial (ou infernal, no meu caso, caso exista!), mas a imortalidade do seu nome, nos seus feitos. Ramsés, Platão, Júlio César, Napoleão... histórias (muitas delas estórias) de pessoas que, por seus feitos, estão "imortalizados" no rol das grandes celebridades. Pessoas que influenciam e inspiram outras, séculos, milênios depois de "mortas". </div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há algum tempo atrás, dei início à uma pesquisa genealógica, em busca dos meus ancestrais, minha origem. A dificuldade foi imensa e, com a ajuda de uma prima (alô Paulinha) hoje tenho uma base, ainda sutil, de quem foram meus antepassados, como e onde viviam. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas... quem eram eles? Além deste sobrenome - um elo de uma corrente que carregamos pelos séculos - que nos une, o que mais tempos em comum? Será que simpatizaríamos com seus ideais, suas lutas? Que medos, que angústias, que felicidades estes nossos ancestrais vivenciaram? Que mensagem teriam deixado para seus filhos, netos, tataranetos? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A não ser àqueles cuja estirpe possa ser diretamente ligada aos seus ancestrais famosos (como os Orléans e Bragança, em um exemplo bem luso-brasileiro), nós, assim como nossos ancestrais menos ilustres, estávamos fadados ao "esquecimento", ao verdadeiro descanso e silêncio eternos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em alguns casos, poderemos saber alguns dos nomes, até cerca de 500 anos atrás, mas nada mais que isto. Notem que, no parágrafo passado, disse (ou melhor, escrevi) "estávamos fadados ao esquecimento". Nossa geração está sendo presenteada, como nunca antes na história desta civilização (desculpem, foi mais forte que eu) com a possibilidade de construir, por si mesma, sua própria história e imortalizá-la, para todo o sempre (aquele sempre que sempre acaba).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E não precisamos de muito. Apenas que a internet continue existindo e resistindo ao tempo, acumulando histórias, acumulando conteúdo. Este blog, seu perfil no face, seu instagram, suas postagens no finado orkut... tudo isto, online, à disposição, daqui mil anos. Seus tatatatata...tataranetos vendo suas fotos bêbados na balada, ou aquela sua postagem incrivelmente preconceituosa [que se justifica pela nossa moral, que diz que hoje é normal (rimou!)].</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu queria ter acesso à "internet" do nossos avós. Queria saber se meu tataravô era um escravo ou escravagista, ou se ele repudiava aquele costume tão... comum à sua época. Se meu ancestral achava a liberdade, igualdade e fraternidade coisas passageiras, e vibrou com as cabeças rolando ou, então, viu o mundo girar sobre o eixo dos seus ouvidos. E, em qualquer destas situações, o que seu filho (meu ancestral também) pensou disto?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deixamos, aos poucos, pistas sobre quem somos, sobre o que pensamos, quem amamos. Nossos pequenos vícios, nossas grandes virtudes (e vice-versa). Vá ao Google, coloque seu nome, veja que história está sendo construída (meus queridos descendentes que leem este profético texto, séculos depois de minha morte, a Google era uma empresa que organizava as informações que existiam na internet). Seus fotologs, blogs, vlogs, artigos, redes sociais, sites, etc... estamos deixando um patrimônio cultural, um legado muito forte, algo que nos foi privado, por toda nossa ascendência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sinta o peso da responsabilidade de tudo que você posta, sobre seus ombros. Não é você que (sempre) quis ser imortal? Pois bem, enquanto durar esta eternidade, suporte as consequências!</div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-82821816582978451382015-05-22T16:42:00.000-03:002015-05-22T17:03:34.027-03:00Homenagem - Rubens Luiz Sartori<div style="text-align: justify;">
Baseado no artigo científico, escrito em prosa, pelo <span style="text-align: start;">Advogado, Jurista, Promotor de Justiça, Radialista, professor, escritor e poeta, </span>Dr. Rubens Luiz Sartori, chamado "<span style="text-align: center;">Abordagem sobre a criminalidade </span><span style="text-align: center;">e redução da maioridade penal", cuja tese foi inscrita no </span>Seminário Estadual “Ministério Público: a construção de uma identidade”, ocorrido em setembro de 2013. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Logo após a inscrição, Dr. Rubens Sartori veio a falecer, vítima de um AVC, e sua tese foi defendida, <i>in memoriam</i>, pelo Promotor de Justiça Marcos José Porto Soares. Na ocasião, optou-se por "converter" a tese, escrita em prosa, para a forma de poema, em estrofes organizadas em quadras, o estilo mais utilizado pelo jurista em manifestações judiciais, razão pela qual ganhou notoriedade em jornais e revistas nacionais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A "conversão" ficou por minha conta (Tássio), e confesso que a dificuldade foi imensa, pois não é e nem nunca foi um dom, hobby ou mesmo uma prática minha a confecção de poemas e versos. O maior cuidado foi em manter a essência da ideia original, inscrita no seminário. No final da postagem, deixo o link da gravação amadora da declamação bem como o link para o conteúdo da tese original.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Há alguns dias, em outra semana</div>
<div style="text-align: center;">
Lá em Campo Mourão</div>
<div style="text-align: center;">
A sabedoria veio à paisana</div>
<div style="text-align: center;">
De chapéu e chimarrão</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Na visita nos questiona</div>
<div style="text-align: center;">
O que acha do raciocínio?</div>
<div style="text-align: center;">
Ouvimos atentos como funciona</div>
<div style="text-align: center;">
E em poema, patrocínio</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Abordagem sobre a criminalidade</div>
<div style="text-align: center;">
e redução da maioridade penal;</div>
<div style="text-align: center;">
Porque nos crimes a tenra idade</div>
<div style="text-align: center;">
É sempre um debate atual.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Responder antes dos dezoito</div>
<div style="text-align: center;">
Por um crime praticado</div>
<div style="text-align: center;">
Pra uns, argumento afoito</div>
<div style="text-align: center;">
Para outros, justificado</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div>
<div style="text-align: center;">
Sem dinheiro e educação</div>
<div style="text-align: center;">
Sempre à margem da sociedade</div>
<div style="text-align: center;">
Injusta seria a tipificação</div>
<div style="text-align: center;">
Com os infratores uma impiedade</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
De boa-fé discutem os defensores</div>
<div style="text-align: center;">
Sem nunca precluir</div>
<div style="text-align: center;">
Por isso apresento aos senhores</div>
<div style="text-align: center;">
O argumento a seguir</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
A questão etária é importante</div>
<div style="text-align: center;">
Mas o mundo está diferente</div>
<div style="text-align: center;">
Para a maturidade do meliante</div>
<div style="text-align: center;">
A idade é mais um elo na corrente</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Cultura e conhecimento</div>
<div style="text-align: center;">
Também delimitam o cognoscente</div>
<div style="text-align: center;">
Importa muito o discernimento</div>
<div style="text-align: center;">
Seja ele adulto ou adolescente</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Hoje tudo é mais evoluído</div>
<div style="text-align: center;">
Ciência e Internet, a rede mundial</div>
<div style="text-align: center;">
Há muito jovem instruído</div>
<div style="text-align: center;">
Não há fronteiras na rede social</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
O crime, uma ação pessoal</div>
<div style="text-align: center;">
Também reflete essa evolução</div>
<div style="text-align: center;">
Se é uma atividade mental</div>
<div style="text-align: center;">
Estudar o cérebro é a solução</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Ao longo da humanidade</div>
<div style="text-align: center;">
Nunca se discutiu amiúde</div>
<div style="text-align: center;">
Devemos sair da ingenuidade</div>
<div style="text-align: center;">
E pesquisar com amplitude</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Não confunda com Lombroso</div>
<div style="text-align: center;">
Autor de “O homem delinquente”</div>
<div style="text-align: center;">
Um livro deveras tenebroso</div>
<div style="text-align: center;">
Já superado e incongruente</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Desejava mostrar a essência</div>
<div style="text-align: center;">
Mas não ia além do preconceito</div>
<div style="text-align: center;">
Pois julgava que a aparência</div>
<div style="text-align: center;">
Revelava a alma do sujeito</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Depois desta ideia superada</div>
<div style="text-align: center;">
O sistema criminal punitivo</div>
<div style="text-align: center;">
Iniciou uma busca desesperada</div>
<div style="text-align: center;">
De recuperar e ser educativo</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
O que vemos hodiernamente</div>
<div style="text-align: center;">
Predomina no sistema penal</div>
<div style="text-align: center;">
Algo imposto gradativamente</div>
<div style="text-align: center;">
Que não foca o aspecto mental</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
O crime é uma expressão da mente</div>
<div style="text-align: center;">
Seja por “volutas”, ou pela doença</div>
<div style="text-align: center;">
Toda a ação do delinquente</div>
<div style="text-align: center;">
É do cérebro uma sentença</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Se homem age normal</div>
<div style="text-align: center;">
É a mente que impulsiona</div>
<div style="text-align: center;">
Para o bem ou para o mal</div>
<div style="text-align: center;">
É o cérebro que leciona</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Mas se o cérebro não é bem feito</div>
<div style="text-align: center;">
Inocente é o rapaz</div>
<div style="text-align: center;">
A medicina dá o conceito</div>
<div style="text-align: center;">
E o chamamos de incapaz</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Devemos olhar com firmeza</div>
<div style="text-align: center;">
Se o cérebro é saudável</div>
<div style="text-align: center;">
Para auferirmos com certeza</div>
<div style="text-align: center;">
Se o indivíduo imputável</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Se penso, logo existo</div>
<div style="text-align: center;">
Quem não domina seu pensar</div>
<div style="text-align: center;">
Deve ser bem quisto</div>
<div style="text-align: center;">
Mas incapaz de professar</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Mas há homens no enredo</div>
<div style="text-align: center;">
Que pensam de maneira normal</div>
<div style="text-align: center;">
Mas que escondem um segredo</div>
<div style="text-align: center;">
Na estrutura cerebral</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Um novo tipo de raciocínio</div>
<div style="text-align: center;">
Vem a ciência prosperar</div>
<div style="text-align: center;">
Pois nem todo assassínio</div>
<div style="text-align: center;">
Nós podemos recuperar</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Partir do pressuposto:</div>
<div style="text-align: center;">
“Não doentes mentais”</div>
<div style="text-align: center;">
Vai nos trazer o desgosto</div>
<div style="text-align: center;">
Pois não são todos iguais</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Pois muitos são os pensares</div>
<div style="text-align: center;">
De cérebros com higidez</div>
<div style="text-align: center;">
Mas ideias não salutares</div>
<div style="text-align: center;">
Devem ser vistas com rigidez</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Nem todos os seres são iguais</div>
<div style="text-align: center;">
Mesmo que ainda conscientes</div>
<div style="text-align: center;">
Menores que maltratam animais</div>
<div style="text-align: center;">
Podem ter problemas inerentes</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Doutora Ana Beatriz Barbosa</div>
<div style="text-align: center;">
Psiquiatra expoente</div>
<div style="text-align: center;">
Escreveu uma obra valorosa</div>
<div style="text-align: center;">
Cujo tema é pertinente</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Mentes Perigosas:</div>
<div style="text-align: center;">
O Psicopata mora ao lado</div>
<div style="text-align: center;">
Pessoas geniosas</div>
<div style="text-align: center;">
Que portam um mal velado</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
A psiquiatria nos leciona</div>
<div style="text-align: center;">
O que vem ser psicopatia</div>
<div style="text-align: center;">
Como seu cérebro funciona</div>
<div style="text-align: center;">
A falsa empatia</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Não possui remorso e arrependimento</div>
<div style="text-align: center;">
Parece ter prazer em fazer o mal</div>
<div style="text-align: center;">
Sua mente tem pleno discernimento</div>
<div style="text-align: center;">
Como devolvê-lo ao meio social?</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Estes seres não tem idade</div>
<div style="text-align: center;">
Nem apego emocional</div>
<div style="text-align: center;">
Possuem uma maldade</div>
<div style="text-align: center;">
Que não se cura em hospital</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Infelizmente é insensata</div>
<div style="text-align: center;">
A fé e a esperança</div>
<div style="text-align: center;">
Na cura de um psicopata</div>
<div style="text-align: center;">
Que é mal desde criança</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Caráter, de origem helênica</div>
<div style="text-align: center;">
Significa marca gravada</div>
<div style="text-align: center;">
A maldade psicogênica</div>
<div style="text-align: center;">
No cérebro está sulcada</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Não decorre do convívio social</div>
<div style="text-align: center;">
A psicopatia do delinquente</div>
<div style="text-align: center;">
Os médicos dizem que é cerebral</div>
<div style="text-align: center;">
Devemos ter isso bem ciente</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Deve portanto o direito</div>
<div style="text-align: center;">
Buscar mais que a idade</div>
<div style="text-align: center;">
Analisar friamente o sujeito</div>
<div style="text-align: center;">
Averiguar sua incolumidade</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Não se trata somente de entender</div>
<div style="text-align: center;">
E do entendimento se determinar</div>
<div style="text-align: center;">
É a maldade inata compreender</div>
<div style="text-align: center;">
Para um psicopata se sentenciar</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Ele sabe o bem e o mal</div>
<div style="text-align: center;">
O errado e o certo</div>
<div style="text-align: center;">
Entende o direito penal</div>
<div style="text-align: center;">
Pois é muito esperto</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Só com o real diagnóstico</div>
<div style="text-align: center;">
Poderemos ter a dimensão</div>
<div style="text-align: center;">
Aplicarmos o prognóstico</div>
<div style="text-align: center;">
Aos que agem com perversão</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
É para este o horizonte</div>
<div style="text-align: center;">
Que o direito deve se voltar</div>
<div style="text-align: center;">
Tentar cruzar a ponte</div>
<div style="text-align: center;">
E com a medicina fomentar</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Somar sempre à idade</div>
<div style="text-align: center;">
A capacidade e sapiência</div>
<div style="text-align: center;">
E além da aparente sanidade</div>
<div style="text-align: center;">
O cérebro em sua essência</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Como mais um lado do prisma</div>
<div style="text-align: center;">
A idade deve ser vista</div>
<div style="text-align: center;">
Para não incorrer em sofisma</div>
<div style="text-align: center;">
Nem ser falso moralista</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
É filosofia e religiosidade</div>
<div style="text-align: center;">
Prejudiciais ao aspecto penal</div>
<div style="text-align: center;">
Porque mascaram a realidade</div>
<div style="text-align: center;">
Com a vã esperança fraternal</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Este é apenas um testemunho</div>
<div style="text-align: center;">
Uma crítica ao sistema</div>
<div style="text-align: center;">
Uma ideia escrita à punho</div>
<div style="text-align: center;">
Convertido em poema</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Portanto o texto original</div>
<div style="text-align: center;">
Escrito em prosa à <i>priori</i></div>
<div style="text-align: center;">
É deste jurista genial</div>
<div style="text-align: center;">
Doutor Rubens Sartori</div>
<div style="text-align: center;">
Um gigante promotor</div>
</div>
<div style="text-align: center;">
<i>Ad causam et honori</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<br />
<br />
A Assessoria de Imprensa do Ministério Público emitiu <a href="http://www.mppr.mp.br/modules/noticias/article.php?storyid=3860" target="_blank">nota da defesa/homenagem.</a><br />
<div>
<br /></div>
<div>
Quem preferir assistir a declamação feita no Seminário, gravada por uma câmera amadora, basta acessar <a href="https://www.youtube.com/watch?v=cjlf7K5NtrQ" target="_blank">este link.</a> A declamação começa por volta dos 11 minutos.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Por fim, quem quiser ler a tese original, em prosa, pode fazê-lo <a href="https://docs.google.com/document/d/10QSVq2ufI-z5GR34d2q-F3Gun-CS1-09Mm3h9mI_pdM/edit?usp=sharing" target="_blank">neste link.</a></div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-60182729047362286662015-05-08T10:24:00.002-03:002015-05-08T10:31:25.360-03:00Política: razão ou fé?<div style="text-align: justify;">
Um dos mais conhecidos ditos populares, ao menos no Brasil, é que “política, religião e futebol não se discute”. Não sei se é o “proibicionismo” que excita, mas o fato é que sempre achei muito interessante discutir sobre os três temas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Claro que quando falamos de religião, devemos ter a plena consciência que estamos mergulhando num tema aberto, sem limites e cujo objeto central circunda os elementos da fé. Em outras palavras, é prudente ter sempre em mente que religião se ocupa do crer (fé), e não propriamente do saber (razão).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso é que podemos afirmar que a discussão religiosa é dogmática e dispensa a cientificidade. Não se prova a existência ou a não existência de Deus. Isto é algo que não pode ser mensurável, não pode ser falseável.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Partindo desta premissa, o cristão, hindu, islão, ateu, etc., sejam eles agnósticos ou dogmáticos, poderiam discutir em paz — algo ainda bastante distante do que vemos nos debates pelo mundo afora — suas teorias, suas crenças e suas expectativas de fé.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Futebol, assim como a religião, envolve paixão e, pelos mesmos motivos — quase sempre dogmáticos — as discussões descambam para debates hilários ou completamente desprovidos de razão. Além disto, acrescenta-se a subjetividade a respeito das interpretações das arbitragens nos jogos e temos o cenário perfeito para o caos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Claro que existem os críticos e os fãs do esporte que, mesmo possuindo um clube pelo qual torça, sabem se posicionar de forma bastante crítica e racional. Mas estes são quase sempre exceções. Independente disto, quase sempre nas rodas de amigos e nas mesas de bares, as discussões são mais apaixonadas do que racionais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já a política, por outro lado, sempre me atraiu mais nas discussões porque pertence muito mais ao campo da filosofia e da ciência do que os outros dois temas. Pois se faz a política embasado em determinados posicionamentos ideológicos e essa pluralidade de opções é que torna o cenário ainda mais rico e fértil para boas e sadias conversas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Infelizmente, assim como no futebol e na religião, a grande maioria dos cidadãos encara a política não como uma questão de razão, mas sim como uma questão de fé. A incapacidade de se discutir racionalmente a respeito de política me faz ver que a democracia só é boa para uma pequena parcela dos que se veem representados no poder.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Neste ponto, é notável como as pessoas são ignorantes — no sentido de ignorar ou desconhecer — tanto aos preceitos a respeito de correntes político-ideológicas quanto ao que tange a (im)probidade administrativa e os atos de corrupção praticados pelos agentes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vemos todos os dias nas redes sociais e nos editoriais de jornais e revistas, embates entre os defensores da direita e da esquerda que se esquecem que defendem um posicionamento cuja identificação é pessoal e não torna a outra corrente inepta, errada ou ainda malvada e opressora. Ser de direita não é ser fascista e ser de esquerda não é ser comunista, mas tentar elucidar este ponto de vista é como jogar palavras ao vento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Posicionamentos político-ideológicos são salutares e fazem parte do processo dialético que engrandece a democracia e o Estado de Direito. Privatizar ou estatizar, a título de exemplificação, sempre serão ações que irão possuir prós e contras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas enquanto ainda somos capazes de encontrar pontos e argumentos bastante interessantes, calcados em fundamentos teóricos ou em dados empíricos nestas discussões, embora com frequência cada vez menor, por outro lado, quando falamos das figuras públicas que representam (em tese) essas ideologias, aí vemos que a razão é abandonada de uma vez por todas e passa a valer a fé.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A fé cega.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É fácil ver como as pessoas declaram apoio ou repúdio tão somente com base na fé.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para ilustrar melhor, eu poderia partir do cenário geral e e chegar aos casos particulares (dedutivo), mas vou optar pela via oblíqua (indutiva).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Trabalho há alguns anos em inquéritos e investigações que visam apurar atos de improbidade administrativa. Neste período, presenciei cerca de 200 procedimentos administrativos, muitos deles, cerca de 31%, convertidos em ações civis públicas, uma média maior do que os índices nacionais e estaduais (no Brasil cerca de 22% dos inquéritos são convertidos em ações, enquanto que na Região Sul, este índice cai para 19%). [2]</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em quase todos os casos — de ajuizamento de ação ou de arquivamento por outros motivos (denúncia improcedente ou irregularidade sanada sem dano ao erário), o juízo de valor técnico-jurídico do promotor de justiça é precedido e procedido pelo juízo de valor midiático, pessoal e passional. E estes são reverberados à exaustão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A cada nova ação ou arquivamento, chovem manifestações de apoio ou repúdio de pessoas que sequer têm menor conhecimento do objeto apurado, das provas colhidas e das manifestações exaradas!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto mesmo: grande parte dos indivíduos se digladiam nas redes sociais embasadas tão somente no “achismo” e na empatia (ou antipatia) que tem com seus candidatos. Não buscam nem procuram fazer consultas (quase a totalidade dos procedimentos e das ações são públicas) mas mesmo assim ressonam pontos de vista elaborados sob medida, como a nada original desculpa da perseguição ou favorecimento político, por exemplo, para justificar uma ação ou um arquivamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao adotar um determinado candidato ou uma determinada sigla partidária, me passa a impressão de que muitos cidadãos são “batizados” e passam a estar intimamente ligados com estas figuras, tal qual um torcedor com o seu clube, ou um crente com sua religião, blindando-se às críticas negativas e vociferando às cegas contra os “adversários” políticos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por mais que me apeteça discutir política, futebol e religião, a intolerância e/ou a ignorância tem me impulsionado a me manter em silêncio cada vez mais, para manter o tênue clima de paz. Mas, “se paz sem voz, não é paz, é medo”, que flua este desabafo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
_____________________________________</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
[1] Texto originalmente publicado no <a href="https://medium.com/trend-r/politica-razao-ou-fe-a3f0cc95f0b6" target="_blank">Medium.</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
[2] Dados extraídos da “ANÁLISE DOS DADOS FUNCIONAIS ENVIADOS</div>
<div style="text-align: justify;">
PELAS UNIDADES DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM 2008.” do Conselho Nacional do Ministério Público — <a href="http://www.cnmp.mp.br/">www.cnmp.mp.br</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-6721920693520383192015-04-17T09:15:00.000-03:002015-04-29T16:09:21.855-03:00Majorar a menoridade: Uma antítese social<div style="text-align: justify;">
É muito comum, ao olharmos para a situação da nossa segurança pública, como brasileiros, e compará-las as de países de primeiro mundo. E, quando pensamos em alguma solução, a primeira coisa que pensamos é em “mudar a lei”. Embora exista situações em que a legislação é falha e que realmente precisa ser alterada, essa visão costuma ser, na minha opinião, quase sempre equivocada. Mas vamos explicar por partes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Primeiramente, antes de qualquer opinião, quero deixar bem claro que acredito que nós, humanos, somos todos iguais (na medida das suas desigualdades, claro). Não é a cor da pele, formato do nariz ou a religião que se segue (ou que não se segue) que vai determinar seu caráter ou a sua capacidade. Este ponto de partida é crucial para compreender todo o restante. Mas logo mais se entenderá bem o porquê desta nota preliminar.</div>
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<br /></div>
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A respeito da segurança pública – e aí entra também a questão da maioridade – é necessário dizer que contamos (isso tanto no Brasil quanto no resto do mundo) com basicamente duas forças policiais – a repressiva e a investigativa. Uma, visa impedir futuros crimes ou então combatê-los, durante a sua realização. A outra é a investigativa, que tem por objetivo desvendar os autores e os motivos do crime, e levar os culpados à justiça para que sejam devidamente processados. Claro que, em algum ponto, a investigativa também acaba prevenindo crimes, porque tira de circulação criminosos que podem vir a ser reincidentes. </div>
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<br /></div>
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No entanto, nem aqui, nem no Japão, USA, Alemanha ou Dinamarca, a Polícia conseguirá impedir todos os crimes de acontecer. Principalmente quando alguém quiser realmente cometê-lo. E isto é uma anotação simples e inquestionável, pois não há, em lugar nenhum do planeta, civilização que tenha um policial por habitante, vigiando-o 24 horas por dia. </div>
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<br /></div>
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Se eu quiser matar alguém, eu consigo. Ficar impune ou não ser descoberto, é outro assunto. Mas o fato é que, estamos sim e sempre estaremos à mercê da vontade alheia. Se alguém quiser me assaltar, essa pessoa vai conseguir, cedo ou tarde, porque eu tenho consciência de que não há meios do Estado se fazer presente em todos os locais o tempo todo. </div>
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<br /></div>
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No entanto, ainda que conscientes de que elas têm essa faculdade de cometer tais crimes, as pessoas, via de regra, se comportam da forma adequada, seja por medo de uma futura punição, seja por valores morais ou, ainda por seu estado social. Usei a expressão via de regra porque, no pior dos piores cenários, não mais de 10% de uma população será criminosa.</div>
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<br /></div>
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Resumindo: nenhum país impedirá todos os crimes de acontecerem – desde os atentados terroristas, maridos que matam esposas, assaltos à mão armada aos muros pichados. O que um Estado pode fazer é ser eficiente em prevenir ou, depois de acontecido, descobrir e elucidar esses crimes e, ainda, lidar com o criminoso de forma adequada.</div>
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<br /></div>
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E porque as pessoas cometem crimes? Essa discussão é muito profunda, abstrata, e demandaria um compêndio de livros sobre psicologia, sociologia, antropologia, criminalística, filosofia e outras ciências para chegarmos à um conceito ou um rol de motivações. Mas há, nitidamente, uma diferença muito grande nos índices de criminalidade do Brasil e de países de primeiro mundo. E não é coincidência, mas há, também, uma grande diferença nos índices sociais e de IDH entre esses mesmos países. </div>
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<br /></div>
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É notável a correlação entre a qualidade de vida de uma sociedade e os seus índices de criminalidade. Países em que o Estado ou a sociedade são sadios e podem oferecer melhor qualidade de vida aos seus habitantes sempre terão melhores índices de segurança pública. </div>
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<br /></div>
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Isto porque, em tese, as pessoas são melhores educadas, mais conscientes e possuem menos necessidades não supridas. É por tal razão que existem poucos assaltos, roubos e homicídios nestes países. É por isso que estes países só enfrentam crises de segurança quando algum alucinado entra em uma escola e mata professores e alunos – crime que não tem sua origem na condição social ou cultural, mas quase sempre associados a problemas psicológicos ou psiquiátricos. Mas veja, nem nestes países é possível prever e impedir tal crime. </div>
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<br /></div>
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Novamente resumindo, é notável que as condições sociológicas, culturais e educacionais refletem diretamente na potencialidade de um indivíduo vir a ser criminoso. Neste ponto é que encontramos a diferença entre um país como o Brasil e a Dinamarca, por exemplo. Qual a possibilidade de um brasileiro pobre vir a ser criminoso? Baixa, claro, mas ainda assim muito maior do que a de um dinamarquês pobre.</div>
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<br /></div>
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Lembra quando eu comentei que as pessoas são “todas iguais”? Eu lhe pergunto, aplicando um exemplo simples: uma criança nascida no Brasil e que é levada ainda bebê para a Dinamarca e lá criada como um dinamarquês, vai refletir, em sua vida adulta, que percentagem de probabilidade de vir a ser um criminoso? </div>
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<br /></div>
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Claro que não somos inferiores, enquanto humanos, aos dinamarqueses. Um brasileiro criado lá refletirá os padrões sociais de lá. Porque somos matéria do mesmo barro. Mas enquanto sociedade ainda estamos deixando muito à desejar.</div>
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E o que isto tem a ver com a maioridade penal?</div>
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<br /></div>
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A diminuição da maioridade penal vem sendo vendida como uma forma de atenuar ou diminuir a criminalidade na sociedade brasileira. Mas se olharmos bem para a origem dos nossos problemas, veremos que o “medo” e as “penitências” que o Estado dá aos já maiores não ajudam, em nada, na política de prevenção do crime. Se um maior, mais consciente, comete o crime da mesma forma, porque não um adolescente, mais inconsequente, vai deixar de cometer?</div>
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<br /></div>
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Pois não é o medo, não é a cadeia que vai impedir um crime. Nada impede um crime. Mas se tivermos uma política que melhore a qualidade de vida, diminua as necessidades não satisfeitas, é que começaremos a ter melhoras nos índices de criminalidade.</div>
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<br /></div>
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Aliás, em muitos dos países mais desenvolvidos as penas são mais brandas que no Brasil, e a criminalidade é muito baixa, o que mostra que a relação punição-prevenção não funciona como o prometido.</div>
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<br /></div>
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O que vai solucionar os problemas é oferecer aos nossos jovens educação, saúde, e oportunidade de crescer culturalmente, financeiramente, espiritualmente, psicologicamente e filosoficamente, para que o crime não seja visto como uma alternativa viável para se conseguir satisfazer as suas necessidades. Isto porque, se alguém quiser cometer um crime, sabemos que ela conseguirá. Precisamos é combater os motivos pelos quais as pessoas cometem crimes. Nossos jovens são tão capazes quanto os jovens dinamarqueses. Só falta aos nossos, aquilo que lá eles tem. </div>
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<br /></div>
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Ao diminuir a maioridade penal, o Estado estará deixando de lado o combate à causa da criminalidade, para fornecer aos jovens que cometem infrações ainda mais motivos e razões para continuar no mundo do crime. </div>
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<br /></div>
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Por fim, apesar de todo o exposto, eu não concordo com a maioridade penal aos 18 anos. Mas também não concordo com ela aos 16, 12, etc... Na verdade, eu sou contra a existência de um critério de idade para a imposição da imputabilidade. Assim como ocorre com a presunção de violência no estupro – uma relação sexual, mesmo que consentida, com um menor de 13 anos é considerado estupro – a idade nem sempre dirá o quão consciente é uma pessoa, o quanto ele tem capacidade de discernir, compreender. Isto é um conjunto de fatores educacionais, sociais, dentre outros. </div>
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<br /></div>
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Ao meu ver, sempre que acontece um crime, durante o trâmite do processo penal, além da autoria e da materialidade, em uma determinada faixa de idade, como dos 14 aos 20, por exemplo, a capacidade deveria ser igualmente investigada, pois há, sim, adolescentes com 16 anos que tem plena consciência da ilegalidade da sua conduta, enquanto há outros, com 18 que não tem a mesma noção. Aplicar-se-ia a imputabilidade, semi-imputabilidade e a inimputabilidade caso à caso. Mas isto é a questão da responsabilização apenas. A questão da execução da pena deve continuar mantendo adolescentes separados do sistema carcerário dos adultos. Mas essa discussão fica pra outra hora.</div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-41900097092075913222015-04-13T15:50:00.000-03:002015-04-13T15:50:08.582-03:00Laços & Nós<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<i>"Aqueles que passam </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>por nós não vão sós. </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Deixam um pouco de si, </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>levam um pouco de nós."</i></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">Antoine de Saint-Exupéry</span></div>
<br />
<br />
Hoje é um dia muito triste, pois mais um pedacinho de mim foi embora. Algo aqui dentro me impele a tentar transformar essa tristeza em força, a força em palavras e as palavras em um desabafo, numa espécie de adeus, ou "até mais".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dia, eu, você, nós nascemos. Alguns há mais tempo, outros ainda há pouco. Desde então nós sobrevivemos nesta grande barca chamada planeta Terra. Mas nunca estivemos sozinhos. Dos dias mais ingênuos de vida até o presente momento nós estabelecemos laços com nossos pais, irmãos, tios, primos, cônjuges, avós, e amigos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esses laços unem eu e você, por meio de uma "corda invisível" que eu chamo de <b>amor</b>. E o laço do amor é resistente, quase indestrutível.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não é um simples laço; é um nó, muito bem atado. Nós que nos unem. Nós e os nós.<br />
<br />
Quase todos os dias fazemos novos laços, mas os nós não são feitos assim, de uma hora pra outra. A nossa história, nosso amor, amizade e todo aquele carinho são os contornos e as voltas deste laço que nos ata.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estes "nós" então se tornam uma extensão da nossa própria alma, e não nos vemos mais como indivíduos solitários. Temos nossos muitos nós e eles nos guiam nessa jornada mundana. Tal qual para o mastro e suas velas, essas cordas e esses nós nos dão a sustentação que precisamos para navegar nesta vida.</div>
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<br /></div>
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Hoje, infelizmente, um nó muito querido se desfez e, eu perdi um pouco do meu equilíbrio. Um pedacinho de mim escapou e foi embora, para sempre. Nossa história, nosso amor e nosso carinho, este fica. Mas aquela pessoa que estava do outro lado do nó se foi. É justo dizer que ela precisava ir. Precisava descansar, embora isso não alivie a saudade, o amor que fica.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A batalha pela vida, contra si próprio, é a mais terrível e a mais cansativa que existe.</div>
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<br /></div>
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Pois nada se compara ao câncer. Um pedacinho do seu próprio ser que se insurge, nas sombras, minando o próprio organismo. Como uma traição programada, suas próprias células, acima de qualquer suspeita, trabalham como terroristas, se multiplicando em silêncio, esperando o momento certo de executar o derradeiro atentado, sua própria destruição.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o nó então se desfaz, deixando para trás apenas outro nó, aquele na garganta, além das incontáveis lágrimas nos nossos olhos.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já perdi nós insubstituíveis nessa vida e o que nos deixa inconsolável é saber que não há nada que possamos fazer, senão assistir, passíveis e inertes, a partida de um ente querido.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não há amor, não há um "nós" substitutível, porque entre eu e você, há uma história única. Mas há, sempre, novos amores. Novos laços, novos "eu e você". E é a um novo "nó", recém atado, que eu dedico toda a minha condolência. Deixo também meus pêsames a todos meus primos e tios, pois a perda é realmente imensa. Mas ninguém se apoiava tanto a este "nó" como minha pequena prima, minha "irmãzinha".</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Descanse em paz, Jaqueline Denker. Obrigado por ter feito parte da minha vida. E saiba que nós daremos todos os nós e laços que forem necessários à (ainda) pequena Ingrith Denker!</div>
<br />
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</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px;">
<br /></div>
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Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-83159025353429575132015-04-08T14:03:00.000-03:002015-04-08T14:03:56.340-03:00Idílicas notícias etílicas II<br /><br /><div style="text-align: center;">
<b>DOCE:</b></div>
<div style="text-align: center;">
<b>Asfalto mouraoense faz parte do cartel de commodities!</b></div>
<div style="text-align: right;">
Agência Róiters.</div>
<br /><br /><div style="text-align: justify;">
Após 16 meses de intensas investigações, o Procurador Adjunto da Polícia Agronômica de Campo Mourão concluiu, nesta terça-feira, 30 de setembro, o inquérito político que visava apurar a relação entre o preço do Etanol e as chuvas torrenciais que afetavam o nosso município.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Graças à delação premiada de um vendedor de algodão doce que fica o dia inteiro em frente ao portão leste do parque das Torres com um carrinho verde-limão (cuja identidade é mantida em sigilo para sua própria segurança) a equipe de investigação descobriu um esquema fraudulento entre a Secretaria Municipal de Recapes Rotativos e a COCA - Corretora Orgânica de Commodities Associados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O esquema funcionava da seguinte forma: açúcar é o principal ingrediente, digo, insumo utilizado para dar liga no asfalto mouraoense. Com isto, a cada chuva, todo asfalto vai pelo esgoto, juntamente com a água, aumentando a demanda de açúcar para novos recapes. Desta forma, o preço da Cana-de-açúcar dispara na Bolsa, ocasionando o aumento do preço do Etanol nas bombas, pois todo o açúcar produzido na região é destinado às operações de tapa-buraco, garantindo o lucro da COCA.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A descoberta foi confirmada por meio de análises químicas no asfalto, feitas pelo laboratório do DDD (Departamento de Defesa dos Diabéticos). Uma contra-prova foi encomendada ainda nesta manhã, e deverá ficar pronta até o início da Copa do Mundo da Rússia. Nenhum dos envolvidos quis comentar os fatos.</div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-55960218271652802862015-03-03T16:10:00.000-03:002015-03-03T16:10:22.338-03:00Círculo da vida<br /><div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Nihil.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b><u>Eu</u></b>. Meus pais. Meus avós.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Meu filhos. <b><u>Eu</u></b>. Meus pais.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Meus netos. Meu filhos. <b><u>Eu</u></b>.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<i><div style="text-align: center;">
<i>Nihil.</i></div>
</i>Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1791447157304580181.post-37828350367996698692015-01-30T09:05:00.000-02:002015-01-30T17:37:56.313-02:00Israel e os 7 à 1<div style="text-align: left;">
<i>As proporcionalidades que Israel é capaz de nos proporcionar</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“A resposta de Israel é perfeitamente proporcional. Isso não é futebol. No futebol, quando um jogo termina em empate, você acha proporcional, e quando é 7 a 1 é desproporcional. Mas não é assim na vida real e sob a lei internacional.”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dias atrás me surpreendi com essa resposta dada pelo porta-voz de Israel, em atenção às declarações prestadas pelo Ministério de Relações Exteriores do Brasil. Na ocasião, o Itamaraty criticou “ o uso desproporcional de forças pelos israelenses” no já saturado embate na Terra Santa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Também pintou um “Anão Diplomático” nas declarações de Tel Aviv, mas considero essa ofensa menos grave, por motivos que não convém aqui mencionar, ainda mais em ano eleitoral.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, 1º de Agosto de 2014, fui buscar alguns dados apenas para ter uma ideia do que Israel considera “proporcional”, na vida real e nas “leis internacionais” (?).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Zapeando alguns sites, como o da Folha de São Paulo, pude apurar que já são 1459 palestinos mortos contra 63 Israelenses. O G1.com, site de notícias das organizações Globo, informa que seriam 1464 palestinos, ampla maioria de civis, contra 61 israelenses, em sua absoluta maioria, militares.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vamos arredondar por baixo as baixas — o que é uma puta falta de respeito com qualquer vida, eu concordo — mas apenas para evitar hipérboles desnecessárias no “cálculo da proporcionalidade de Israel”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se levarmos em conta a “ampla maioria de civis”, das quais encontramos muitas crianças entre as vítimas, podemos dizer que pelo menos setecentos civis já foram mortos por Israel. Já as informações de baixas civis do lado judeu não chega a sete, mas fixemos esse número, tão especial para a cabala e a cultura hebraica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
700 à 7. Cem por um. Eis um dado “bastante proporcional” de um “conflito justo” aos olhos dos nossos amigos monoteístas. Isto nos cálculos atenuados deste que vos fala, pois a proporcionalidade deve estar mais próxima dos mil por um. Mesmo arredondando para baixo, não foi possível evitar a hipérbole, embora o exagero, neste caso, não seja apenas uma figura de linguagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Proporções à parte, a declaração de Israel me deixou mais chocado do que os números, em si. Não pela rispidez, afinal, essas palavras não ferem tanto quanto os bombardeios em escolas da ONU.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É a frieza de quem compara vidas à gols, como se matar fosse um esporte.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois é assim que Israel encara o “jogo”. Como uma pelada de fim de semana. Chamar o Brasil de “anão diplomático” até pode fazer sentido, mas fazer de uma derrota esportiva uma piada para justificar um genocídio, aí já transcende o macabro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O humor judio faz o humor negro parecer musical infantil. E a nós resta continuar assistindo esse filme de terror — ou mudar de canal e fazer de conta que vivemos em um outro mundo, onde os “7 à 1" causam traumas às nossas pobres crianças indefesas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Tassio Denkerhttp://www.blogger.com/profile/11453286419650191854noreply@blogger.com0